domingo, 17 de julho de 2011

Inevitável dor do amor

(O Amor) É inevitável, faz parte da combustão da natureza, é força, mar, elemento, água, fogo, destruição, é atmosfera, respira-se, quando se morre abandona-se, o amor deixa, fica isolado, é um elemento, come-se, bebe-se, sustenta pão, pão diário para rico e pobre, pão que ilumina o forno do amassador, aparece nas condições mais estranhas, bicho que nasce, copula dentro de si mesmo, paira, espermatozóide e óvulo, as duas coisas ao mesmo tempo, amor é assim outro elemento fundamental da natureza, as pessoas vivem tanto com o amor, ou tão alheias do amor, que nem notam, raro percebem que o amor existe, raro percebem que respiram, que a água está, é indispensável, ninguém pode viver alheio aos elementos, ao amor

sábado, 16 de julho de 2011

Eu ontem vi-te

...Eu ontem vi-te...
Andava a luz
Do teu olhar,
Que me seduz
A divagar
Em torno a mim.

E então pedi-te,
Não que me olhasses,
Mas que afastasses,
Um poucochinho,
Do meu caminho,
Um tal fulgor
De medo amor,
Que me cegasse,
Me deslumbrasse
E me deixasse
Amar assim.

Obrigado

Por tudo o que me deste: Inquietação, cuidado,
Um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!
Noites de insónia, pelas ruas, como um louco...
Obrigado, obrigado!

Por aquela tão doce e tão breve ilusão.
Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui, sem ironia: aceita
A minha gratidão!

Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
Mais forte, mais sereno, e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: Obrigado, obrigado
Por tudo o que me deste!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Nas tuas mãos...

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e pelas as coisas,
Nada contava nem tinha nome
O mundo era do ar que esperava.
E conheci casas cinzentas,
Túneis habitados pela lua,
Lugares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e desprotegido,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e a tua pobreza
Elimiram a tristeza fria de um outro dia
De dádivas puras no meu coração
Mais quente que o calor do verão,
As tuas mãos grossas e fortes
Vibravam que nem cortes
Na pele veludo encarnado
De amor sincero carregado
Amaldiçoado e rasgado mas teu,
E eu vou andar e nunca vou correr
Só pra não te perder

Amor e mar

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Amor sentido

De que nos vale esta pureza,
Sem ler fica-se pederneira,
Agita-se a solidão cá no fundo,
Fica-se sentado à soleira,
A ouvir os ruídos do mundo,
E a entendê-los à nossa maneira.

E do resto entender mal,
Soletrar assinar de cruz,
Não ver os vultos furtivos,
Que nos tramam por trás da luz

Carregar a superstição,
De ser pequeno ser ninguém
Mas não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Amor igual

Não consigo compreender as emoções,
Nem as minhas nem das multidões
Eu paro e ponho-me a pensar
Nós nunca somos iguais ...

Quantas tardes, noites e serões,
Tantos risos, histórias e paixões
Que acabam nos dias mais banais
Nós nunca somos iguais ...

Um jurou eterno amor para depois deixar
O que tanto desejou
Outro chorou ao sentir a dor,
Para mais tarde festejar
Que o desejo terminou
Não vou pensar
Que nao sabemos demais
Nem vou chorar
Porque nós nunca somos iguais ...

Uns que evitam sempre tentações,
Outros pedem sempre mil perdões,
Erramos com a certeza de acertar
Nós nunca somos iguais ...

Um jurou eterno amor para depois deixar
O que tanto desejou
Outro chorou ao sentir a dor,
Para mais tarde festejar
Que o desejo terminou
Não vou pensar
Que nao sabemos demais
Nem vou jurar que os loucos não são normais
Nem vou pensar que nós sabemos a mais
Nem vou chorar
Porque nós nunca somos iguais ...

http://www.vagalume.com.br/donna-maria/nos-nunca-somos-iguais.html#ixzz1RBEpH9am